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No Sobral de Mte Agraço, valeram António Telles e Luís Rouxinol!

Numa mansidão de curro, os toureiros disseram que os mansos também têm lide.
12 de Setembro de 2011 - 03:14h Crónica por: - Fonte: - Visto: 2696
No Sobral de Mte Agraço, valeram António Telles e Luís Rouxinol!

As festas de verão no Sobral de Monte Agraço 2011, promovem uma mini feira taurina composta por duas corridas. A primeira, teve uma casa cheia para assistir a um espectáculo, que teve toureio em demasia para tão parca matéria-prima. António Ribeiro Telles e Luís Rouxinol triunfaram numa tarde quente, a demonstrarem que os mansos podem e devem ter direito a lide, enquanto Brito Paes deu um significativo passo atrás na demonstração de valor.

Na forcadagem sobressaíram os Amadores de Coruche com três pegas à primeira, num ruedo em óptimas condições para demonstrar todas as qualidades de toureio.

O curro dos Herdeiros do Dr Brito Paes teve muita "fijeza"f mas foi de uma patente insuficiência de bravura e de uma mobilidade executada a velocidade muito reduzida. Em apresentação houve um pouco de tudo, bons, feios e assim-assim. Na volta da segunda lide de Luís Rouxinol, o ganadeiro convidado pelo cavaleiro, entrou no ruedo para dar a volta. Lamento ter que o dizer mas se aquele curro lhe merece volta somente pela "fijeza", então os critérios de exigência não estão nada elevados, quer para o ganadeiro, quer para o toureiro, quer para o público.

António Telles vestia uma casaca azul para receber o primeiro exemplar da tarde, negro, desinteressado e com 485Kg. No primeiro comprido passou em falso para depois colocar um pouco traseiro, num oponente que não quis reunir mas que respondeu ao castigo. Nos curtos e após colocar o primeiro de forma regular, coloca na cruz e de forma irrepreensível o segundo curto nos médios, a um hastado que partiu para reunir e embalou-se para o remate. O terceiro quase que era igual ao anterior, pena que o toiro não se tenha empregado na reunião. Troca de montada e em passo espanhol faz brega de grande nota, colocando o oponente em posição para um grande ferro que citou de frente e apenas com os posteriores assentes. O público estava com o cavaleiro da Torrinha e pediu-lhe mais um ferro em que quis fazer igual ao anterior mas sofreu um empurrão por ter tido mais entrega do toiro. De orgulho ferido, rectificou por vontade com o último ferro com que terminou a sua actuação.

Voltou para lidar um manso de 480Kg, em que colocou dois compridos à tira um pouco traseiros. Distâncias rectificadas quando colocou o terceiro comprido, perfeito em colocação. Nos curtos, o cavaleiro da Torrinha desenhou uma lide escorreita, cheia de intenções de dar vantagens ao toiro que nunca foram aceites. Os três primeiros ferros são todos iguais, citados de frente, ao piton contrário, ao estribo e na cruz. Escutava-se o lindíssimo pasodoble Mário Miguel, que foi acompanhado com uma cadência de aplausos pelas bancadas durante a brega de Telles, que colocou o toiro em sorte para um ferro em que passou por três vezes em falso, até o colocar sem repreensões possíveis. Com o público rendido a pedir mais um, António Telles estava a gosto e colocou o último curto com que terminou a sua actuação. Belíssima lide de António Telles a provar que mansos, têm lide sim senhor!

Luís Rouxinol também vestiu uma casaca azul e entrou em praça para lidar o primeiro de seu lote com 475Kg, negro e que humilhava a reunir. Passa em falso e coloca algo descaído o primeiro comprido para depois rectificar no segundo. Coloca ainda um terceiro comprido, com todas as vantagens dadas ao oponente e com o cavaleiro de Pegões a aguentar uma barbaridade em tábuas para colocar um bom ferro. No primeiro curto deu permissão de arranque ao toiro, num terra-a-terra em que ao não quis aceitar a vantagem, parte de frente para um bom ferro na cruz. Toca a banda e o toiro aceita a vantagem, com Rouxinol em novo terra-a-terra a colocar a cilhas passadas. No terceiro o oponente não se quis fixar e o resultado foi um ferro ao estribo, na cruz e de remate vistoso. Terminou a lide de novo num cite terra-a-terra e colocação ao estribo.

O segundo de seu lote era feio, de forma cilíndrica, córnea demasiado aberta e manso de vontade para 470Kg de peso. Coloca à tira o primeiro comprido bem na cruz. O segundo tinha ainda mais valor mas bateu no primeiro comprido e caiu na arena, rectificado de pronto logo de seguida. Nos curtos, levantou uma praça em aplausos, a bregar o oponente com a montada a substituir um capote, num toiro que perseguia com demasiada suavidade sem nunca romper a galope. Coloca o primeiro ferro e remata da mesma forma que bregou. O segundo foi a cilhas passadas e com um toque duro na montada durante a reunião. Com uma entrega do cavaleiro inexcedível, cita de frente e coloca um grande ferro ao estribo, cheio de entrega do oponente que até então perseguia à distância. Empolgado pelo ferro anterior, faz um cite brilhante em que ordenou o arranque do toiro mas deixou-o passar na reunião e colocou a cilhas passadas. O público, esse gostava e muito do que via, pediu mais um ferro e o cavaleiro de Pegões colocou um bom par de bandarilhas, para de seguida terminar a sua actuação com uma rosa, aplaudida a compasso pelas bancadas.

Brito Paes vestiu uma casaca vermelho tinto quando entrou em praça para receber o seu exemplar negro de 480Kg. O toiro entrou cheio de vontade, com o peão de brega a executar com beleza um quite de verónicas e para depois dele, perseguir com codícia e empenho o cavaleiro. Talvez os capotazos tenham retirado força ao hastado, que partiu para lide com pouca entrega a reunir e onde Brito Paes insistiu em executar quiebros a um oponente que para esse tipo de sorte nada poderia dar. No primeiro curto passou em falso e literalmente fintou o toiro, para de seguida colocar algo traseiro o ferro. O segundo colocou-o bem no sítio mas para isso teve de o pescar. Falha o terceiro e sofre um ligeiro toque ao colocar o quarto ferro. O toiro já se encontrava num modo muito reservado junto à porta dos sustos e o cavaleiro passou duas vezes em falso para colocar à garupa. Lide desinteressante de Brito Paes, que não teve o bom censo de não efectuar a volta à praça, que resultou com poucos aplausos.

O último da corrida tinha 485Kg e mancava da mão esquerda. Com tamanha e evidente diminuição física, alguns espectadores manifestaram-se pela sua substituição mas o director de corrida não ouviu, ou não quis ouvir e o veterinário não viu, ou não quis ver. Alheio, como deve de estar à ausência de ordem do inteligente, Brito Paes colocou o melhor ferro de toda a corrida. Foi o segundo comprido, de praça a praça, bem na cruz e com enorme valor. A praça aplaudiu e pediu banda, de novo o director não ouviu ou não … Nos curtos a insuficiência física do oponente adensou-se. O toiro tinha vontade, mais do que muita, esteve sempre fixo mas nunca teve argumentos físicos para satisfazer o comportamento de bravo. Quando humilhava e apoiava o peso nas mãos, aliviava de imediato levantado a cara e dobrando-se sobre a mão direita, aquela sem dores. Assim sendo, a lide não poderia resultar de outra forma senão com ferros pescados por falta de toiro a reunir.

Pelo Grupo de Forcados Amadores de Coruche, três pegas à primeira tentativa e uma demonstração de grande coesão. Miguel Raposo abriu com um cite em que mandou no arranque do toiro, que partiu suave e bateu no forcado que se fechou à córnea e de encontro ao grupo que consumou sem problema.

Luís Gonçalves citou fixo num toiro que arrancou quando ordenado que o fizesse. Luís fechou-se à barbela numa viagem a fugir pela esquerda ao grupo, que rapidamente apareceu e consumou uma grande pega, onde o forcado se acoplou e nada o tiraria dali.

Ricardo Dias efectuou uma limpa pega à primeira tentativa, com novo cite a mandar no toiro, a recuar o quanto bastou para se fechar à córnea, e em nova viagem que fugiu pela esquerda ao grupo, que novamente apareceu para consumar sem espinhas.

Pelo Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, Alexandre Mira ainda estava a meio do cite quando o toiro arrancou cheio de pata. O forcado aguentou no centro do ruedo e quase sem recuar, não se acoplou. À segunda executou um belo e silencioso cite, fixando o oponente que partiu a mando e com o forcado da cara a fechar-se à córnea e com o grupo a consumar.

Rui oliveira ainda estava muito perto do grupo quando viu um toiro arrancar algo desconfiado e a passo. Fechou-se à córnea numa viagem que atravessou o grupo e contra as tábuas, onde aguentou sozinho alguns derrotes, até o grupo aparecer e consumar.

Luís Isidro elaborava um belo cite quando o toiro se virou. Assim que o fez arrancou carregado de pata mas fez um estranho e passou ao lado do forcado. De seguida novo belo cite e nova partida dura do oponente que derrotou o forcado para o ar, com este a cair desamparado no chão, onde bateu com a cabeça ficando inconsciente. Foi o cabo Nuno Marques resolver, no mais belo cite da tarde, em silêncio e a mostrar-se, para depois pegar de forma limpa.

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