Em Salvaterra, Troféus para Rui Salvador e Francisco Borges dos Amadores de Montemor

Uma generosa meia-casa compôs a corrida dos Palha em Salvaterra de Magos. Numa corrida em que o nível de experiência dos cavaleiros equiparou-se à qualidade das respectivas actuações, com Rui Salvador a receber com justiça o troféu de melhor lide no quarto da noite e onde dois grupos de forcados se bateram taco-a-taco pelo outro troféu em disputa, com nova justiça na atribuição aos Amadores de Montemor-o-Novo.

O curro Palha não primou pela apresentação, mas foi sério e não se deixou lidar com facilidade. Excepção ao último da corrida, um manso que circundou toda a praça pelas tábuas.

Rui Salvador recebeu o primeiro da noite. Um negro com 460Kg de peso, sério e escorrido de carnes. Sentiu os compridos provocando toques e um violento empurrão. Nos curtos, o cavaleiro de Tomar consentiu mais toques quando mexia com o oponente, pisou-lhe os terrenos e deixou no último ferro o melhor da lide, de cima para baixo e de aplausos conquistados.

No quarto da corrida enfrentou um castanho, andarilho, igualmente sério, nobre, mas mais disponível que o anterior. O cavaleiro de Tomar rubricou uma excelente actuação. Expôs-se ao risco, pisou terrenos de compromisso e cravou ao estribo do primeiro ao último curto. Bela actuação de Rui Salvador que merecidamente conquistou o troféu para melhor lide.

Ana Batista enfrentou o segundo Palha da noite com 476Kg de peso, negro, algo reservado e que reunia por alto numa enorme mangada. Com uma brega de grande classe, a ferragem curta foi colocada mais vezes a cilhas passadas do que o desejado. O comportamento do toiro foi a menos e o último ferro curto a pedido foi colocado já a custo, pois já tardo a investir, o oponente nada colaborou.

O quinto da noite tinha 535Kg de peso, negro, o de melhor apresentação de toda a corrida, humilhava, com os posteriores sempre a empurrarem a investida. A cavaleira de Salvaterra andou com velocidade a mais nos compridos, o que após o primeiro ferro, ao querer dobrar-se no pitón, a montada escorregou e num empurrão que quase se tornou numa colhida, deixou a praça que tanto a acarinha, sem unhas nas mãos. Nos curtos as sortes foram um pouco aliviadas e a montada pareceu estar em noite de pouca vontade. Terminou com um ferro que seria o melhor da segunda actuação, não fosse o novo empurrão sofrido após a cravagem.

Marcelo Mendes teve em noite em que todos os azares pareceram escolhê-lo a dedo. No terceiro da corrida enfrentou um negro de 506Kg de peso e um pouco reservado. Deixou a ferragem com custo, por entre diversos toques e empurrões, um deles bem violento. Quando estava a citar, a montada negou-lhe a ordem e paralisou de movimentos à mercê do toiro, o que poderia ter tido consequências maiores, não fosse o astado ter desistido de empurrar ao chegar a tábuas, já Salvaterra de Magos gritava de susto.

No último da noite saiu-lhe um manso de 485Kg de peso, que ameçou saltar diversas vezes junto ao sector 7, matando de susto quem ali se encontrava na trincheira. Ao trocar de montada para os curtos, o oponente ameaçou também sair pela porta para o pátio de quadrilhas e com a pressa de lhe impedirem a passagem, fecharam-na sobre o joelho direito de Marcelo Mendes, com consequências na disponibilidade física do cavaleiro.

Dois grupos em aberta competição, taco-a-taco durante toda a corrida, deixando para as duas últimas pegas a decisão do troféu.

António Vacas de Carvalho foi para a cara do primeiro da corrida e dos Amadores de Montemor. O Toiro partiu a medir, embateu de forma rija e reuniu à barbela, numa viagem a sacudir até ao grupo consumar ao segundo intento.

Tiago Telles de Carvalho também pegou à segunda tentativa, reunindo à córnea e suportando os derrotes até ao grupo.

Francisco Borges viu o oponente partir com pata. Recuou e fechou-se à córnea, suportando derrotes e mais derrotes, numa viagem que fugiu do grupo, até este com rapidez apareceu para fechar a pega à primeira. Recebeu o troféu de melhor pega da noite.

Pelos Amadores de Vila Franca, Rui Godinho fechou-se num embate rijo à córnea, em derrotes até ao grupo, que fechou à primeira tentativa.

Rui Graça citou com a praça em profundo silêncio, carregou a sorte e fechou-se à córnea numa viagem cheia de pata e sempre a sacudir, atravessou o grupo até tábuas, para ser cosumada ao segundo intento.

Ricardo Patusco deixou a dúvida para quem seria o troféu. Citou com garbo, reuniu à córnea e suportou os derrotes, cotando com uma primeira ajuda no caminho. O grupo consumou à primeira tentativa.