Crónica do 52º Concurso de Gandarias de Évora

A Arena d´Évora abriu as suas portas para receber a primeira Corrida de Toiros da Temporada 2011 com o 52º Concurso de Gandarias, considerado por muitos como o mais prestigiante em Portugal. Por isso mesmo, esperava-se uma “casa” mais composta, numa corrida com honras televisivas na RTP 1.

Em disputa estavam os habituais troféus de Apresentação e Bravura, mas este ano contou ainda com um prémio para a Melhor Pega.

Estavam a concurso as ganadarias Palha, Ernesto Castro, Murteira Grave, Passanha, Pégoras e Canas Vigouroux.

Em praça estiveram os cavaleiros João Moura, Vítor Ribeiro e Bastinhas Jr., ficaram as pegas a cargo dos Amadores de Évora e Alcochete.

Abriu praça o cavaleiro João Moura perante um imponente toiro Palha de 610Kg. Recebeu bem com dois ferros compridos em “su sitio” levando o oponente na garupa do cavalo. Para os curtos Moura “sacou” do Merlin, e diante um toiro escasso de força, o Maestro teve que pisar os seus terrenos para a colocação da ferragem, por sinal muito bem rematada. No segundo toiro do seu lote calhou-lhe em sorte um bonito Passanha de 603Kg, o cavaleiro dobrou-se bem com o toiro e colocou bons ferros compridos. A série dos curtos não começou da melhor forma, com Moura a colocar um ferro muito descaído, mas depressa o cavaleiro emendou e mão e sacou o pouco que o toiro tinha para dar, rematando a lide com um bom ferro de palmo.

Vítor Ribeiro teve uma passagem muito boa por Évora, arriscando e decidido a triunfar. Calhou-lhe em sorte dois bons toiros. No primeiro, um Castro de 555Kg, esperou-o à porta dos curros e levou-o entretido na montada. Cravou dois bons ferros compridos. Nos curtos a lide não foi fácil, já que o toiro se distraía com facilidade. Vítor cravou ferros com ligeiras batidas ao piton contrário de boa execução, de realçar o segundo curto de cortar a respiração. Rematou a lide com um bom ferro, dando as vantagens ao toiro. No segundo do seu lote um Pégoras de 560Kg, o cavaleiro tornou a estar num nível elevado. Iniciou a lide com uma “sorte gaiola” bem executada. Nos curtos o cavaleiro teve muito cuidado em colocar o toiro em terrenos favoráveis para a colocação de ferros ao estribo, bem rematados.

Bastinhas Jr. deixou bom ambiente em Évora, no seu primeiro toiro um Murteira Grave de 550Kg, não pode fazer muito mais do que colocar a ferragem da ordem atendendo ás características do toiro. Destacou-se com a colocação de um par de bandarilhas no final. No ultimo toiro da corrida, Bastinhas Jr. teve por diante mais matéria prima e não desperdiçou. Tocou-lhe em sorte um toiro bravo de 500Kg do ferro Canas de Vigouroux. Recebeu-o bem na ferragem comprida e nos curtos rubricou uma autentica lide de toureio à portuguesa. Com sortes muito bem preparadas, colocando bem a ferragem ao estribo e bem rematadas. É pena que o público não tenha reconhecido o esforço do cavaleiro, só reagindo quando este colocou um ferro de palmo à violino e um par de bandarilhas muito bom, com o cavaleiro a colocar o toiro nos médios sem recorrer ás rédeas, já que estas estavam presas à sua cintura.

Quanto ás pegas, tanto os Amadores de Évora como de Alcochete tiveram em bom plano, com destaque para a pega do quarto toiro da noite, intermédio de João Pedro de Sousa de Alcochete, que venceu sem discussão o Troféu de Melhor Pega.

Pegaram por Évora Bernardo Patinhas à primeira, António Alfacinha, à segunda e Manuel Rovisco à terceira.

Por Alcochete pegaram Fernando Miguel à primeira, João Pedro de Sousa, à primeira e Vasco Pinto à segunda.

No final foi entregue o Troféu de Apresentação ao Toiro Palha, mas também podia ter sido atribuído ao toiro Passanha. O Troféu Bravura foi entregue ao toiro de Canas de Vigouroux.

Na Corrida de Toiros da bonita praça de Évora assistimos ao constante movimento dos vendedores nas bancadas, que de alguma forma prejudicavam tanto os artistas como o público, com isto não estou a dizer que se deva acabar com os mesmos nas bancadas, digo é que estes devem estar devidamente instruídos para desempenhar a sua função sem prejudicar ninguém.