Gilberto Filipe Triunfa em Paio Pires

Os toiros regressaram a Paio Pires e a afición que preencheu por completo as bancadas da desmontável, merecia só por esse mesmo facto, mais do que o paupérrimo curro enviado pela ganadaria Prudêncio da Silva.

É certo que os critérios nas desmontáveis têm de ser menores que noutras praças, mas os exemplares negros e escorridíssimos de carrnes, de uma morfologia sui generis, foram por demais comentados negativamente nas bancadas. No comportamento, sem serem brilhantes, cumpriram e não ofereceram grandes complicações aos cavaleiros e forcados.

O ganadero foi chamado a dar volta ao ruedo no quinto da noite. Imcompreensivelmente ninguém se opôs, inclusivé o próprio ganadero que deveria ser o primeiro a fazê-lo, e a volta de triunfo do paupérrimo curro assim se fez.

A noite não teria muito para contar, não fosse Gilberto Filipe sacar todo o sumo ao último Prudêncio da corrida, executando uma lide de levantar praça e que arrecadou com justiça o troféu para melhor lide da noite.

Mas foi Francisco Núncio quem abriu a noite frente a um oponente tardo a reunir e algo reservado. Bregou com nota elevada e a uma mão. A ferragem foi algo alivada nas sortes e apenas o segundo curto foi ao estribo e em terrenos de compromisso.

No quarto da noite enfrentou um oponente parco em força e desenvolveu uma lide em que citou de frente e cravou à tira.

O segundo exemplar da noite foi o melhor de toda a corrida. Tinha pata, nobreza, investia com som nos capotes, perseguia a montada num tranco forte e a gosto, e tinha bravura no sangue como mais nenhum outro em Paio Pires. Ana Batista mexeu sempre com distinção no astado, seleccionou os terrenos, mas abusou da velocidade no momento de cravar.

No quinto da corrida não teve tanta sorte com a rês, calhando-lhe um exemplar mais reservado. A cavaleira andou novamente exímia na brega, sem que seja possível desviar o olhar daquele labor por um segundo que seja, mas consentiu toques e empurrões, fruto de os tempos das sortes não terem sido os mais acertados.

Gilberto Filipe enfrentou um oponente distraído em toda a lide e que complicava no momento do ferro. A partir do terceiro curto entendeu-se com o oponente, diminuiu a velocidade e a lide veio a mais e com maior asseio nas cravagens. Prolongou em demasia a lide e foi colocando a ferragem a um oponente cada vez com menos faculdades.

No último da corrida a lide até nem começou bem. O astado era tardo a reunir e fazia-lo de cara bem no alto. Só que Gilberto Filipe a partir do terceiro curto, efectuou ligeiras batidas na cara do oponente e cravou ao estribo, pondo pela primeira vez a praça de pé, com ferros de enorme transmissão e emoção. Todos os ferros seguintes foram assim, com a praça a pedir mais e mais ferros e com o cavaleiro a gosto. Efectuou então a melhor lide da noite, que justamente arrecadou o prémio em disputa.

Pelos Amadores de Lisboa foi para a cara do primeiro Prudêncio, Manuel Correia, que fez em Paio Pires o seu debute nas arenas. Reuniu à córnea até o toiro o tentar despejar na arena, com o grupo a consumar ao segundo intento.

Com 15 anos de idade, Martim Cosmo Lopes pegou pela segunda vez numa praça. Foi à terceira tentativa com as ajudas carregadas.

João Galamba foi para a cara do terceiro da noite. Pegou à segunda tentativa com o primeiro ajuda a carregar.

Nelson Lopes brindou à praça, e num embate suave reuniu à barbela, com o grupo a fechar ao primeiro intento.

João Varandas foi outro debutante da noite e efectuou a melhor pega de toda a corrida. Viu o toiro arrancar com pata, ensarilhar e reuniu à córnea sob o pitón esquerdo do oponente, recolocando-se sozinho na cara, numa viagem até ao grupo que apareceu com prontidão e consumou a pega à primeira tentativa.

Fechou a noite João Luz, numa pega à primeira, reunindo à barbela, numa viagem a direito ao grupo.