Uns Victorinos com pouco de Victorinos
17 de Abril de 2013 - 01:49h | Crónica por: Sérgio Lavado - Fonte: - Visto: 2045 |
Real Maestranza de Sevilla. 8ª do abono. Mais de 30 graus à sombra. Ceu azul e limpo de nuvens. Tendidos quase cheios. Tudo apostos para assistir a uma das mais aguardadas corridas da feira de Abril! Nos corrais, seis estampas do toiro de lide marcadas com o emblemático ferro de Victorino Martín. No burladeiro de matadores, dois toureiros desejosos de triunfo: Manuel Jesús “el cid” e Daniel Luque. Uma enorme expetação e… Uma enorme desilusão! Muito por culpa dos míticos cárdenos que foram lidados. Regra geral, faltou-lhes transmissão, raça, força e sobretudo essa exigência tão característica desta ganadaria. E quando o que falta é toiro, por mais voltas que dê o toureiro, a emoção evapora-se do ruedo e a frustração e o desalento desabam sobre os tendidos. Assim foi a tarde dos Victorinos em Sevilla, escassa de emoção e com pouco para contar…
Abriram-se as portas dos toriles pela primeira vez nesta tarde e por elas saiu o primeiro Victorino. Cardeno claro de pelagem e de 549kg de peso, encontrou pela frente um especialista no seu ferro, Manuel Jesús “el cid”. Pensativo e escasso de forças, logo nos dois primeiros tércios demonstrou também a sua falta de transmissão e raça. Frente a ele, o diestro de Salteras demonstrou conhecimento e oficio, lingando em distâncias curtas as nobres e suaves investidas do hastado. Mas quando a faena começava a aquecer o Victorino começou a arrefecer. “El cid” abrevia e entra a matar. Falha. A orelha converte-se em ovação.
Tocam cornetas e timbales, saí o terceiro do encerro. De pelo cárdeno e com 550kg sobre os aprumos. Ante ele novamente “el cid” que viu o seu subalterno Alcalareño receber com a montera em mão uma enorme ovação no tercio de bandarilhas. E por aqui se acaba a história deste terceiro… com sonsas, curtas e desluzidas investida, este Victorino lá ia fazendo o favor de meter a cara no engano. Impossível ligar, impossível tourear! Estocada ‘sin puntilla’. Silêncio para “el cid”, assobios para o toiro.
Abrem-se as portas dos curros pela quinta vez e por elas sai o salvador duma tarde perdida. De 586kg de peso e a reluzir um pelo cárdeno claro, este derradeiro Victorino para “el cid”, longe de ser um exemplar de bravura, revelar-se-ia o melhor do encerro. Galopando no capote a apertando nas bandarilhas, chegou à muleta com mais para oferecer que os seus irmãos. Manuel Jesús, na zona próxima a toriles, desenhou-lhe uma faena carregada de valor, mando, ofício e firmeza! A única faena da corrida com início, meio e fim. Merecedora de orelha sem dúvida alguma não fosse o mau uso da espada que privou novamente “el cid” de alcançar o trofeu. Ovação.
E de Daniel Luque menos ainda há para contar… Frente ao seu primeiro, um cárdeno claro de 557kg que chegou indefinido à muleta, Luque teve um início de faena complicada, onde passou alguns sustos. Mas não se rendeu, ganhou-lhe a batalha e arrancou duas tandas pelo lado direito de grande profundidade e estética. Mas quando a faena ia a mais o Victorino deu a batalha por vencida e refugiou-se em tábuas. Meia estocada traseira rematada com um desacertado uso do descabello pôs ponto final a uma faena de silêncio.
Ante o seu segundo, um cárdeno claro de 545kg, não houve ponta por onde lhe pegar. De investida curta, informal e metendo as defesas a meia altura, este Victorino passava sem repetir pela muleta de Luque. A faenas alargou-se e o desânimo também. Estocada inteira completada com o descabello. Silêncio para Luque, assobios para o Victorino. E para encerrar a tarde, vira o disco e toca o mesmo. Cárdeno escuro de pelagem e de 580kg de peso, este último Victorino não teve nem pisca de bravura. Nada de nada. Zero! Luque rapidamente abreviou com a espada que entrou inteira no segundo intento. Completou com o descabello e escutou um silêncio que arrastava frustração e desalento. Para o toiro, assobios.