Uma grande noite de toiros na arena de Évora
01 de Julho de 2013 - 12:23h | Crónica por: Jorge Rebocho - Fonte: - Visto: 2526 |
Realizou-se em Évora, no passado dia 29 de junho a tradicional corrida de S. Pedro. O cartel era constituído pelos cavaleiros Rui Fernandes, Victor Ribeiro , João Telles e o jovem colombiano Jacob Botero, pegaram em solitário o Grupo de forcados amadores de Évora, toiros de Pinto Barreiros
Casa cheia para uma corrida de grande expectativa, organizada pela empresa campo e praça que apostou num bom cartel, com a segurança que uma data festiva, numa cidade de grande afición lhe garante. Foi director de corrida o Sr. Agostinho Borges.
O GFAE celebrava 50 anos desde a sua fundação, e em praça estiveram elementos antigos e novos e foi bonito ver a grande família que constitui este grande grupo de forcados.
A corrida começou a horas, mas ainda com a entrada forte de público a decorrer, razão que provavelmente se deve ao facto do público supor que a hora de início da corrida seria às 10h00. Foi feito um minuto de silêncio, em homenagem ao Forcado e Cabo do Grupo de forcados amadores de Montemor, José Maria Cortes, que muito prematuramente nos deixou. Pesar que se foi sentido ao longo de toda corrida, com vários brindes ao céu. Não temos dúvidas que no coração de cada aficionado, pesava a perda de, no mínimo, um amigo muito próximo, devido ao carisma que a personalidade do Zé Maria representa, e para sempre representará na festa Brava.
Abriu praça o cavaleiro Rui Fernandes, e que grande toiro lhe calhou em sorte, com o número 305, acusou na balança 470kg. Bravo e muito em tipo do encaste, sempre pronto, a perseguir com codicia, incansável e a arrancar-se ao mínimo cite do cavaleiro que nesta primeira lide esteve ao seu melhor nível. Cravou dois bons ferros compridos, mas um poucos descaídos, devido às investidas violentas do toiro, facto que se verificou também nos dois primeiros curtos. Os ferros tinham emoção e ao primeiro curto, já o público pedia música. Os restantes ferros curtos forma muito bons, com cites de praça a praça e com bons quiebros já em terrenos de compromisso, e finalmente muito bem rematados. O público pediu um quinto ferro a que Rui Fernandes cedeu e foi ao nível dos anteriores.
Abriu praça a pegar o forcado Pedro Barradas, forcado veterano. Brindou ao céu e com o grupo a dar vantagens fechou-se muito bem à corna muito bem ajudado. Cavaleiro e forcado deram volta à arena.
Vitor Ribeiro lidou o segundo toiro da noite com o nº 290 com 490 kg, menos bravo que o anterior, mas nobre, humilhava e derrotava alto. Depois de uma longa pausa surge esta época com vontade de triunfo. Cravou dois bons ferros compridos, ainda que o primeiro fosse um
pouco aliviado. Nos ferros curtos, o cavaleiro preparou bem as sortes a deixar o toiro colocado nos médios e foi-lhe concedida música ao segundo ferro curto. O 4º ferro curto foi também de boa nota e muito bem rematado. Trocou de montada e ainda colocou mais dois ferros prolongando em demasia a lide e já com o toiro esgotado.
Para a Pega foi o forcado Francisco Garcia que brindou ao cabo e ao seu grupo. A pega foi correta em todos os tempos e devido aos derrotes altos do toiro resultou vistosa e com emoção, o forcado foi bem ajudado pelo grupo. Volta para cavaleiro e forcado.
Frente ao terceiro toiro da noite com 490kg de peso e com o número 301, esteve o cavaleiro João Telles Júnior, que depois da brilhante atuação em Almeirim, alimentava as expectativas dos aficionados em como seria ao seu desempenho em Évora. João Telles, não defraudou os presentes. Brindou ao cabo António Alfacinha, e recebeu bem o oponente que não teve ao nível dos seus irmãos de camada, sendo o pior do lote, um pouco avacado e com falta de força.
João Telles Cravou dois bons ferros compridos à tira. Trocou de montada e nos ferros curtos demonstrou vontade de triunfo, citou de praça à praça, carregou as sortes ao limite mas faltou toiro no momento da reunião. depois no segundo curto, encurtou distâncias e a lide resultou
com bons quiebros em terrenos de compromisso. O toiro veio de menos a mais, e cresceu com lide. Fechou com um 5º ferro muito bom com batida ao pitón contrario.
Para a pega foi o experiente Manuel Rovisco, citou com galhardia, e fechou-se bem à barbela, muito bem ajudado pelo grupo. No momento da reunião notou-se novamente a falta de força do toiro. Volta para cavaleiro e forcado e chamada aos médios.
O 4º toiro da noite, com o número 289 e com 450kg de peso calhou em sorte ao jovem cavaleiro praticante Jacob Botero, e que grande toiro! Muito em tipo do encaste, quer em apresentação quer em comportamento, daqueles que enchem praça. Arrancava-se pronto e fazia o jovem cavaleiro cravar a espora para sair da iminente colhida. Botero cravou dois bons ferros compridos de largo devido à voluntariedade do toiro. Os peões de brega deram excessivos capotazos para tentar abrandar o toiro, mas o toiro continuava codicioso e com pata. Nos dois primeiros curtos o toiro arrancava-se pronto, e o cavaleiro sentiu dificuldades, fruto talvez da tenra idade, mas ao terceiro compreendeu-lhe o sitio e a lide resultou, com um violino ao quinto ferro e um sexto ferro de palmo em terrenos de dentro. Emocionado, beijou o chão da praça.
Para a pega foi escolhido pelo seu cabo, o forcado Gonçalo Pires, brindou à bancado, deu vantagens, mas o toiro veio solto e com pata como foi o seu comportamento em toda a lide, resultou uma pega rija e vistosa à barbela. Cavaleiro e forcado deram volta à praça.
Depois do intervalo, o 5º toiro , com o número 273 e com 480kg de peso e segundo do lote de Rui Fernandes, já não permitiu ao cavaleiro o nível da primeira atuação. Os ferros compridos foram um pouco aliviados e o primeiro foi mesmo a cilhas passadas. O toiro apesar de bravo era andarilho, e custava a fixar-se, mas o Rui Fernades fez tudo o que estava ao seu alcance para dar volta ao texto, e com isso sofreu alguns toques na montada, que neste caso são mais de mérito do que de desacerto. Os curtos foram cravados com ousadia e com batidas ao pintón contrario, e no quinto rematou a sorte com uma volta na cara do toiro. Terminou a sua atuação com um bom par de bandarilhas e bons pormenores de equitação. Pena que o Rui Fernades tenha guardado os ases da quadra para este toiro que não se proporcionou tanto ao espectáculo como o primeiro de seu lote.
Para pegar este toiro foi mais um dos forcado antigos do grupo, Armando Raimundo, que brindou às mulher dos sector 4, citou com galhardia, deu vantagens e aguentou até ao último instante fechando-se com garra à barbela, onde o toiro com a cara alta permitiu uma das pegas da noite.
O 6 º da noite com o número 310 e 485kg de peso calhou em sorte a Victor ribeiro, toiro bonito mas com pouca cara. O cavaleiro brindou ao GFAE . O cavaleiro esteve bem nos ferros compridos e bem a provar a investida do ponente. Nos curtos esteve correto e ao segundo ouviu música. No terceiro foi algo pescado, mas no quarto deu total iniciativa ao toiro, e a sorte resultou vistosa, no quinto optou por um ferro de palmo, e como todos os anteriores foram colocados no sitio. Devido ao pedido do público e ao excesso de vontade, cravou mais um ferro de palmo, e sofreu um toque forte na montada, os Pinto Barreiros não permitem excessos de confiança.
Para a pega Foi escolhido o consagrado forcado Ricardo Casas Novas, brindou aos antigos elementos do grupo, deus vantagens e citou com galhardia, mas o toiro quando sentia o forcado na cara dava derrotes violentos em que na primeira o forcado empranchou-se e saiu despejado. Na segunda tentativa o forcado foi buscar o toiro aos seus terrenos, mas toiro mais uma vez, fez um torniquete fatal. Só à terceira tentativa e com as ajudas já mais em cima a pega foi consumada. O cavaleiro deu volta, mas o forcado dignamente recusou dar a volta, mas o público insistiu, e nestas situações ainda que se compreenda a atitude do forcado, o público é quem deve mandar na atribuição ou não das voltas à praça, porque de facto, o forcado merecia esta volta.
O 7º e último toiro da noite foi em nossa opinião o mais bonito do lote, e a par do 1º e 4º os mais bravos da corrida, um Flavo Bragado e provavelmente o mais em tipo do encaste, puro Parladé! João Telles recebeu muito bem e cravou dois ferros compridos em muito pouco tempo que demonstram facilidade na brega a colocar o toiro. Trocou para a montada dos curtos , nos dois primeiros ferros esteve correto em todos os tempos, e teve musica ao segundo ferro. No terceiro foi grande a emoção, com eminente colhida de cortar a respiração. O quinto e sexto, foram grandes ferros de praça à praça, e o João a ir para cima do toiro, a cravar ao estribo com batidas ao pitón contrario. Ainda trocou de montada para um bom violino, teve a ovação da noite e o cavalo agradeceu no estribo.
Para a pega perfilou-se o cabo António Alfacinha, que brindou ao seu grupo, e em seguinda ao céu, esteve grande como sempre em todos os tempos da pega, e concretizou com mérito uma das pegas da noite, muito bem ajudado pelo seu grupo com um toiro sério, daqueles que ficam
na memória. Cavaleiro e Forcado deram volta e chamaram à praça o ganadeiro.
Em última análise, foi a noite do GFAE, que na comemoração dos seus 50 anos de existência responderam ao mais alto nível. Perante toiros sérios e bravos, que que pela sua nobreza não complicam, mas obrigam que se lhe façam as coisas bem e não permitem erros.
Uma nota final também para o ganadeiro de pinto Barreiros (ganadaria mãe do efectivo bravo português) que apresentou um lote de toiros homogéneos ( em sete toiros seis foram muito bons) como já não tinha memória, similares em comportamento e apresentação, como tem
sido sempre seu apanágio, e a provar que não é preciso peso para que haja emoção.