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Crónica da corrida mista da festa do Colete Encarnado 2015

Corrida Mista do Colete Encarnado 2015
07 de Julho de 2015 - 16:25h Crónica por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2770
Crónica da corrida mista da festa do Colete Encarnado 2015

Faz todo o sentido classificar a tauromaquia como uma imprevisível ciência social/zootécnica, com toda a ambiguidade própria da sua genética, e assim aconteceu na corrida mista do Colete Encarnado 2015. Pelos tempos que correm, ninguém arriscaria praça cheia, e felizmente esteve praticamente cheia, toiros bravos ninguém garante, mas houve bravura no curro, ninguém arriscaria numa má atuação de António Telles, e infelizmente esteve mal. A Pedrito de Portugal, pelo seu afastamento dos ruedos, a expectativa era mais modesta, mas esteve a bom nível, quis o S. Pedro que o eterno inimigo do toureio a pé, o vento, bem como a falta de sorte dos seus 2º e 3º toiros, não lhe proporcionassem o merecido triunfo. Para pegar estiveram em praça os Forcados Amadores de Vila Franca de Xira.

Os toiros foram de António Charrua, de encaste Soler e António Silva, posteriormente refrescado o efetivo com sangue Conde de la corte, foram irrepreensíveis em apresentação e comportamento, o primeiro nº11 com 570 foi muito bom, e que se arrancava ao site, o segundo nº82 com 515 kg de peso foi um toiro cómodo e que dava para tudo. O último, com o nº75 tinha 540 kg de nobreza e bravura.

Para a lide a pé, compunham cartel toiros de Falé Filipe, com procedia de Simão Malta puro Parladé, mas a qualidade já não foi a mesma que nos anteriores, o nº109 com 495kg foi um toiro muito bom com muita fijeza e nobreza para o toureio a pé, proporcionou uma boa faena a Pedrito de Portugal. O segundo com o nº 120 e com 460 kg foi um toiro que desde cedo percebeu que havia homem atrás da muleta, mas não teve força para uma lide completa. O último da tarde com o nº119 e com 450kg, manteve quase as mesmas características que o irmão de camada, mas ainda assim melhor, e permitiu uma faena com alguns bons apontamentos, sempre graças à mudança dos terrenos por parte do toureiro.

António Telles esteve longe daquilo que tão bem lhe conhecemos, este facto só a ele o deve, porque teve toiros de triunfo, na brega andou bem, como é seu timbre. Iniciou a sua atuação com desastrosos compridos, depois lá se arrimou e cravou com regularidade, destaque para o 3º curto ao primeiro toiro, que foi o melhor ferro da sua atuação, respeitou a investida do toiro e cravou um grande ferro, depois pouco mais há a registar, atuação regular no seu 2ª e atuação francamente má no seu terceiro toiro. O cavaleiro só afinou os terrenos ao 6º ferro, de um total de 7. Faltou temple à lide e acerto nas investidas do oponente.

Pedrito de Portugal não teve a sorte desejada, o seu primeiro toiro foi muito bom, toiro em tipo, bravo e nobre, com uma enorme fijeza no engano. O Matador abreviou no capote, o toiro, no tércio de bandarilhas proporcionou 3 bons pares, na muleta meteu sempre bem a cara e era bruto, o toureiro arrimou-se e fez uma boa faena, com bons passes onde abundaram Verónicas e Naturais quase sempre rematados por milimétricos Passes de Pecho. O segundo foi o oposto, apesar de bem recebido de joelhos no capote, desde o início percebeu que havia Toureiro por detrás do engano, e que o perigoso vento teimava em descobrir, acabando mesmo numa aparatosa colhida, felizmente sem consequências de maior, o toiro humilhava muito e frequentemente meteu a cara no chão, ficou esgotado precocemente. O terceiro entrou bruto, mas cedo ficou sem força, Pedrito tirou ao toiro tudo o que havia para tirar, mudou-lhe várias vezes os terrenos, e por esta razão, ainda conseguiu alguns bons lances de muleta.

No que respeita aos forcados, perguntamo-nos, o que seria da festa em Portugal sem os forcados? Apresentam-se em praça sempre com impressionante responsabilidade e profissionalismo, fruto da exigência que é pegar um toiro. Será porque numa pega uma falha paga-se muito caro? Pode ser por estas e muitas outras questões, mas a verdade é que são eles que habitualmente não cometem erros, que levam a lição estudada de casa, e que conseguem prestações como a que vimos, entre outras, a deste domingo na Palha Blanco, com 3 pegas limpas à 1ª tentativa

O primeiro toiro da tarde, que ainda não tinha aberto a boca, investiu com ganas para o forcado Rui Godinho fazer uma pega vistosa. O confortável 3º toiro foi pegado pelo Ricardo Patusco, e que pelas “bombas” que este forcado já pegou, bem mereceu esta pega mais “suave”. Por último foi cara o forcado Pedro Castelo, com o toiro a vir com pata, e com o grupo, como nas anteriores, a ajudar na perfeição.

De salientar, mais uma vez, a exigência da Palha Blanco, cada vez maior, parece-nos, porque mesmo com o diretor de corrida a conceder música, por duas vezes o público exigiu que se fizesse silêncio, sui generis comportamento.

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