Corrida Mista da Feira de Outubro de Vila Franca de Xira
05 de Outubro de 2016 - 01:45h | Crónica por: Sónia Batista - Fonte: Sónia Batista - Visto: 2122 |
Tarde de Homenagem a José Júlio e ao toureio a pé, na lindíssima Praça de Touros, Palha Blanco, com quatro Passanhas para o toureio equestre e dois Falé Filipe para a "arte de Montes".
Luís Rouxinok soube lidar um reservado Passanhas de 570kg. Andou correcto e ligado na ferragem e na brega. Terminou com ferro de palmo.
No seu segundo touro sofreu forte embate contra tábuas. O Passanha de 580kg subiu a fasquia ao cavaleiro e este,esteve muito bem nas tiras na ferragem comprida.
Nos curtos deixou os melhores momentos ao segundo e terceiro marcado ao píton, citado a curta distância; posteriormente um ferro de palmo de grande valor. Para findar um par de bandarilhas de excelência.
Filipe Gonçalves, também obteve agradáveis momentos. Ao primeiro do seu lote, com 570kg, fez apertar o coração dos aficionados com as suas fortes batidas ao píton, sobretudo no terceiro curto.
Para a sua segunda lide, perante o pior touro da tarde, soube adornar o que faltava ao touro. Destaco o excelente terceiro curto, novamente com batida ao píton, dando vantagem ao touro.
No final viu recusado o último ferro, já que as dificuldades que o touro impunham,gastaram-lhe parte do tempo de lide.
Nas pegas, o nível continuou elevado. Pelos forcados de Vila Franca, Francisco Faria á primeira na córnea, tal como David Moreira.
Á cara pelos Forcados de Coruche foi Paulo Oliveira a consumar á primeira á córnea e João Mesquita,numa brilhante pega, concretizada á segunda tentativa.
Quanto ao toureio apeado e á justa Homenagem ao Maestro José Júlio, muito tenho para contar. Tivemos uma tarde de homenagem que juntou professor e aluno, já que o maestro foi professor na Escola José Falcão, do matador que integrou este cartel.
Aos 81 anos, o Maestro, irradia vivacidade, alegria e simpatia. Considerado, como, um dos Matadores mais completos da sua época, foi dignamente homenageado este Domingo e continua a sê-lo, na exposição patente, em Vila Franca.
Quanto ao seu pupilo, António João Ferreira, personifica a personalidade, a postura na vida e a técnica dos Matadores, que nos habituámos a ler nos livros.
Simpático mas de personalidade reservada, vive apenas pensando em tourear e dai rege até os seus momentos de lazer.
Não o podemos considerar um matador da Era Moderna, pois não "vende o nome" pela imagem, defende-o pelo seu toureio. Mantém os valores morais e técnicos, facilmente identificáveis na Literatura dos anos 70/80.
Faz valer-se pela sua arte e pela sua forma de estar nos touros e é devido a todos estes detalhes, que o considero, sem margem para dúvidas o único matador português da Nova Era, que em Portugal, mantém as ideias técnicas dos seus maestros e que melhor está, tecnicamente.
Quanto ás suas lides, mais uma vez conseguiu deslumbrar os tendidos de capote e muleta. Com o primeiro Falé Filipe de 480kg, conseguiu mandar no touro e corrigi-lo.
Elegância foi a palavra de ordem na lide. Bonitas chicuelinas de capote e na muleta toureou, bem colocado, por ambos os pítons, sempre de mão baixa. Foi óbvia a sua vontade de triunfar.
Para a segunda lide, António João Ferreira, voltou a saber templar, desta vez um Falé com 475kg.
Desenhou lances com a suavidade correcta e a elegância que todo o apaixonado ao toureio a pé gosta de ver.
Na muleta, o seu fino corte, foi notório e a cada derechazo rematado de peito, este aspecto foi mais que evidente.
Deixou-nos duas séries de extrema qualidade e posteriormente o touro foi perdendo qualidade, mas a técnica do matador tanto nos naturais como nos nos derechazos, fez-nos "esquecer" que neste mundo, o primordial é o touro.
Foto : Nuno Almeida