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À conversa com... Francisco Cortes

Francisco Cortes falou ao Taurodromo.com do seu percurso de toureiro até ao dias de hoje.....
16 de Janeiro de 2012 - 11:12h Entrevista por: - Fonte: - Visto: 3008
À conversa com... Francisco Cortes

José Francisco Cortes nasceu no dia 8 de Novembro de 1972 em Estremoz. Desde cedo quis ser toureiro. Fez a sua apresentação ao público em Reguengos de Monsaraz em 1987. No dia 25 de Abril de 1992 tirou a prova de cavaleiro praticante em Santo António das Areias. Recebeu a alternativa das mãos de seu pai, José Maldonado Cortes, no dia 10 de Junho de 1995 em Santarém.

Taurodromo.com: O facto de ser filho de toureiro influenciou a sua decisão de querer ser cavaleiro tauromáquico? Como foi a sua infância?

Francisco Cortes: Sem dúvida que influenciou. Desde que nasci sempre estive envolvido neste magnífico ambiente. Desde acompanhar o dia-a-dia de um cavaleiro até aos dias de corrida. Cresceu comigo o desejo de também um dia vir a ser toureiro. Fui desde muito pequeno dando os passos nesse sentido e cimentando esse desejo, confirmando que era isso que eu queria ser quando fosse grande.

A minha infância foi como a de qualquer criança, com muitas traquinices, sonhos e movimento, apimentado por esse magnifico mundo dos toiros com muitas saídas com o meu pai por esse mundo da tauromaquia.

T:Como foi o seu percurso até chegar a cavaleiro profissional?

F.C: Toureei pela primeira vez como amador em Reguengos em 1987,fiz duas temporadas apenas com vacadas, hoje um pouco em desuso. Em 1989 comecei a tourear em novilhadas e corridas com profissionais toureando já novilhos e alguns toiros, alternando já com figuras como o meu Pai, Luís Miguel da Veiga, João Moura António Ribeiro Telles, etc. Em 1992 tirei a prova de praticante, e debutei em França, fazendo aí 3 corridas uma das quais na importante feira de Dax.

Alternei com todas as figuras em quase todas as praças de Portugal. Também debutei em Espanha no ano de 1993. Penso que tive um bom trajecto como praticante, chegando com alguma força à alternativa, que tirei na importante e extinta corrida da Radio Renascença na feira de Santarém a 10 Junho de 1995. Uma das corridas mais importantes do ano.

T: Na temporada de 2010 esteve afastado das arenas… a que se deveu esse afastamento?

F.C: Sou profissional e monto todos os dias a 100%. Na época de 2010 fracturei duas vértebras e como tal quase não fiz a temporada. A temporada de 2011 foi quase que um reinício de carreira, com novos cavalos e assim abrir novos caminhos. É verdade que não atingi muitas corridas e apenas fiz um total de 13. Há muitos toureiros e muitos interesses no meio, como sabe… hoje poucos toureiam pelo seu real valor mas por outros factores. É uma luta difícil, ainda para mais quando nas corridas mais mediáticas estão a vender as oportunidades para quem aí quer tourear. Este ano ficou bem evidente uma vez mais esse factor. Mas sinto-me totalmente no activo e tudo faço nesse sentido.

T:Como cavaleiro profissional qual o sonho que ainda falta concretizar?

F.C: Faltam muitos! Quando se começa, queremos comer o mundo e atingir o topo. Faltam-me muitos objectivos, se bem que me sinta feliz, pois adoro tourear e conviver no meu dia-a-dia com esse animal único que é o cavalo, desfruto imenso disso.

T:Nos dias que correm é difícil ser toureiro? Actualmente como vê o futuro do toureio em Portugal?

F.C: É muito difícil ser toureiro, porque é necessária uma estrutura grande que é muito dispendiosa, bem como uma assistência e preparação diária. Depois é muito difícil ter oportunidades, ser reconhecido e singrar, pois há muitos a querer tourear e não se estimula a qualidade.

Hoje em dia não se valoriza o triunfo, raramente se contrata um toureiro tendo isso em conta. Como tal, só uma grande afición faz com que a ilusão se mantenha por tanto tempo. Quanto ao futuro do toureio a cavalo em Portugal, não vejo as coisas fáceis pelas razões que atrás referi. Muitas vezes o futuro tem o condão de nos surpreender positivamente e também nesse ponto, espero que seja isso que aconteça.

T: Que conselho dá aos mais jovens que querem ser figuras do toureio?

F.C: Eu diria que a humildade em todos os momentos mas sobretudo nos bons. Aprender a montar muito bem a cavalo, para aproveitar ao máximo cada cavalo e o querer todos os dias, pois querer é poder!

T: Que balanço faz da temporada 2011? Perspectivas para 2012, será que os aficionados vão ver mais corridas onde conste o nome de Francisco Cortes?

F.C: Penso que fiz uma boa temporada em 2011, sem estar nos grandes palcos mas com actuações em que atingi o nível que julgo exigível. A minha quadra de cavalos respondeu positivamente e fiquei contente com o nosso desempenho.

A temporada de 2012 não se apresenta fácil, no entanto preparo-me diáriamente para ser melhor e estar a um nível que me permita subir degraus e assim surgirem mais oportunidades de o demonstrar.

NOTA:( foto gentilmente cedida pelo cavaleiro Francisco Cortes)

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