A cavaleira Sónia Matias foi uma das figuras públicas portuguesas convidada a participar num livro de textos inéditos em que o tema central é o Silêncio, isto porque as receitas deste projecto revertem na totalidade para a Associação Portuguesa de Surdos.
O objectivo foi fazer uma homenagem ao silêncio, tão marginalizado pela sociedade moderna. O silêncio é um momento de reflexão e este livro é uma compilação de 60 textos de 60 personalidades dos vários sectores da sociedade portuguesa. São 60 textos porque cada texto representa um segundo e num conjunto representa um minuto, daí o nome do livro ser justamente "UM MINUTO DE SILÊNCIO".
Como não poderia deixar de ser, a cavaleira Sónia Matias sentiu-se muito lisonjeada por fazer parte deste leque de grandes personalidades de entre eles, Francisco Pinto Balsemão, Mário Soares, Mariza, Luís Figo, Simone de Oliveira, Rui Nabeiro, Ana Salazar, Jorge Palma, Odete Santos, Elisabete Jacinto, Marcelo Rebelo de Sousa ...etc..
O livro é da editora Guerra e Paz, os textos foram seleccionados por Marisa Moura e a fotografia é da responsabilidade de António Coelho. Pode ser facilmente adquirido em qualquer livraria. Este livro para além de ser um contributo para uma associação de grande prestígio, os textos revelam o que cada personalidade sente perante o silêncio. Já que muitas vezes o silencio pode ser também e tão-somente um outra forma de falar.
Passamos a reescrever alguns excertos do texto que Sónia Matias escreveu neste livro (págs. 104/105)
"Para falar sobre este tema que achei tremendamente fascinante e assustador quis ficar em total silêncio. (...) Primeiro senti as palavras secarem-me nas mãos, sem conseguir transpô-las para o papel, até que por fim tudo mudou. Eu e somente o silêncio.
Na caminhada agitada e perigosa da vida paro por um momento e tento desenfreadamente ver, ou até mesmo tocar o silencio...mas é impossível; é invisível, intocável...cada minuto de silêncio é vivido particularmente por cada um de nós.
(...) A ausência de sonho conduz á solidão, à tristeza e ao silêncio. Devemos sonhar e acreditar nos nossos sonhos (...) não ter medo de avançar na direcção que nos leva à nossa ilusão. Podemos aproveitar do silêncio o conforto, para reflectir, sobre muitas coisas...que só o silêncio nos poderá ajudar a compreende-las, utilizá-lo como esconderijo para a própria dor mas não como uma máscara para a própria vida.
Dentro do encarniçado redondel chegamos a sentir o silêncio transpirado pelos espectadores e aficionados...de respeito, expectativa e até mesmo de fracasso.
Tantas vezes se faz silêncio e apenas oiço as batidas do meu próprio coração, palpito de ansiedade, rangido de emoção, mas surge a agitação nas bancadas e o passe doble começa a tocar, afastando o insucesso, refresco-me no ambiente de êxito."