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Um Projecto com Futuro!

António Fernandes e Diogo Peseiro, foram os estandartes da Academia de Toureio do Campo Pequeno, na final de domingo, dia 5 de Fevereiro de 2012.
07 de Fevereiro de 2012 - 16:40h Notícia por: - Fonte: - Visto: 1562
Um Projecto com Futuro!

A Academia de Toureio do Campo Pequeno estreou-se em público na V Edição de Escolas Taurinas do Campo Pequeno. O triunvirato Rui Bento, José Luís Gonçalves e Américo Manadas, têm consolidado um projecto a longo prazo, que apesar de ainda se encontrar a dar os primeiros passos, começa a gerar frutos bem mais cedo do que todos esperariam, incluindo os próprios.

Ao longo dos quatro dias de edição do V bolsín, muitas foram as boas indicações dadas pelos alunos da escola, geradas por meses de treinos e horas de suor.

O jornalista Diogo Marcelino é talvez o mais mediático aluno da academia. Cumpriu um sonho de sempre, foi toureiro por uma vez no Campo Pequeno. Na manhã de sábado do dia 4 de Fevereiro, após executados uma série de passes, rematados por um passe de peito e feitos os agradecimentos, sempre sorridente, no centro do ruedo, "cortou prematuramente a coleta", ficando o aficionado e jornalista com mais bagagem, conhecimentos de campo e com a experiência que mais nenhuma outra poderá substituir.

Chegado ao fim o último dia de aulas práticas, dois alunos da academia destacaram-se dos demais. António Fernandes com o capote e Diogo Peseiro na muleta. Para estes está reservada a final de Domingo.

António Fernandes tem 14 anos de idade, estatura alta, olhar de quem fuça o mundo a cada instante e a atenção de quem não perde de vista cada oponente na arena, mesmo que não seja o seu.

Diogo Peseiro tem 16 anos de idade, uma figura franzina e humilde, de média estatura, olhar meigo e tímido e com um discurso poupado nas palavras. Transporta na mala dos sonhos as ambições de ser matador de toiros e da medicina veterinária. Nem os 200Km de ida e volta de Almeirim a Lisboa, o impedem que falte a um treino da academia. Ao seu lado e sempre, o seu pai. Homem que escova cada capote e cada muleta de todos os intervenientes da escola, para que a apresentação esteja sempre impecável, com a mesma dedicação de um moço de espadas, que não se adquire e que lhe é inata. A sua função resume-se a pouco mais do que o descrito. Além de acompanhar o filho em cada instante da sua trajectória, nunca interfere por palavras com os ensinamentos da dupla Gonçalves/Manadas. Uma ou outra vez, num ou noutro momento certo, distribui alguns afectos, incitando à calma dos alunos, tentando varrer deles o nervosismo inerente ao medo de cada um.

A actuação da Escola da Moita está quase a terminar, António e Diogo efectuam o longo aquecimento, perpetuado por duas horas de espera. Américo Manadas, sempre bem-disposto, não esconde o nervosismo e lá vai andando de um lado para o outro na trincheira. O maestro José Luís Gonçalves perdeu por momentos o sorriso que sempre o acompanha e vai batendo o pé num nervoso inquieto. Até Rui Bento Vasques não esconde também o nervosismo. É como se fossem eles próprios quem estivessem prestes a entrar no ruedo.

António é o primeiro a receber o novilho. Uma série de verónicas e meias verónicas arrancam aplausos das bancadas. O bater do pé do maestro José Luís Gonçalves intensifica-se a cada lance e mesmo o maestro Rui Bento não consegue conter a emoção, e vai lançando instruções às actuações dos dois pupilos da academia.

A última faena da V edição de escolas taurinas do Campo Pequeno é de Diogo Peseiro. Brinde aos professores das seis escolas presentes a concurso e de joelhos junto a tábuas, executa três passes templados e prontamente aplaudidos. O novilho tinha altura e peso mas Diogo estava nele ligado. O exemplar de Joaquim Alves investia melhor pelo piton esquerdo mas fosse pela mão esquerda ou pela direita, de joelhos ou a pés juntos, não havia passes falhados e o público ia exclamando a sua aprovação, devolvendo aplausos com gosto e assistindo aquela que era a mais redonda faena da tarde.

 "Devagar! Beeeem! Devagar!", exclamava Rui Bento para dentro da arena. "Mão esquerda, devagar!", proferia o já de novo sorridente José Luís Gonçalves, as ordens para os próximos passes. O novilho pode investir, a arena pode estar a aplaudir, que Diogo só ouve duas pessoas, Rui Bento e José Luís Gonçalves. Tudo o resto são sons mudos, sem eco e sem destinatário.

É então que o pior acontece. Sem que nada o fizesse prever, quando Diogo se preparava para mais um passe, a ligação ao novilho era tanta que a inexperiência valeu-lhe a desatenção. O novilho investiu ao engano e por trás dele estava o Diogo, que desamparado pela surpresa suportou uma violenta colhida. Os sons da praça transformaram-se de imediato. Aplausos em gritos, com os colegas a correrem para o ruedo, tentando retirar o Diogo das incessantes investidas da bravura. Quando ficou finalmente livre do perigo, correu banhado em terra para tábuas, galgou desamparado a trincheira e perdeu os sentidos.

No rebuliço do momento, o corpo médico transportava o Diogo para enfermaria e Rui Bento repunha a ordem na lide, enviando António Fernandes ao ruedo para dar fim à mesma.

Diogo acordou na enfermaria, impedido de levantar-se pelo corpo médico que contrariou a sua vontade de voltar ao ruedo para acabar o que tinha iniciado. Voltou em passo de corrida para a arena, recomposto e de olhar afogado em lágrimas para a entrega de troféus, recebendo o prémio maior de uma lide, o aplauso sincero e devoto de uma praça e o abraço forte e sentido do seu primeiro socorro, António Fernandes.

Desta vez, os troféus ficaram para os outros intervenientes. A colhida foi-lhe fatal para a aspiração de uma tarde mas ficou a ideia de um toureiro alegre, que chega facilmente às bancadas e de uma ligação permanente à lide que transborda transmissão.

O caminho faz-se caminhando e para tão pouco tempo de funcionamento de academia, ficou também a ideia de que a academia de Toureio do Campo Pequeno, é um projecto com futuro!

 

Fique de seguida com o registo áudio de José Luís Gonçalves e Diogo Peseiro...

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Declarações do Maestro José Luís Gonçalves

Declarações de Diogo Peseiro

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