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A Feira de Maio de Azambuja

A Feira de Maio surgiu em consequência do protagonismo que o cavalo adquiriu nos últimos anos do século XIX, símbolo de uma nobreza de raça que se impunha oficialmente preservar.
15 de Abril de 2014 - 13:41h Notícia por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2741
A Feira de Maio de Azambuja

Sabe-se que data anterior a 1896, devido a existirem no Concelho de Azambuja algumas das melhores coudelarias a nível nacional, já havia em Azambuja a tradição de uma Feira de gado cavalar para o exército, embora os seus moldes organizativos não sejam muito esclarecedores, sendo-lhe atribuída a designação de Feira de Gado e Remonta.

Enquanto a Feira de Outubro encerrava a época dos espectáculos tauromáquicos, a Feira de Maio ia ganhando protagonismo, superando em imaginação e dinâmica a sua congénere que terminou definitivamente nos finais dos anos 50, princípio dos anos 60 do século XX, devido ao facto do Município ter assumido a organização do evento.

Para compreender e contextualizar historicamente a «Feira de Maio» é necessário recuar aos últimos anos do século XIX, altura em os serviços pecuários nacionais ainda integram o Ministério das Obras Públicas, Agricultura e Comércio. Contudo havia assuntos que diziam respeito à raça cavalar que integravam simultaneamente a área do Exército, tutelado pelo Ministério da Guerra.

Contrariamente ao que se verifica hoje, o cavalo era revestido de uma importância ímpar no concerne ao quotidiano de então. O cavalo surgia como peça fundamental da organização militar, um companheiro da vida quotidiana, tanto no trabalho como no lazer, representando o símbolo de uma nobreza de raça que era necessário oficialmente proteger. Daí a necessidade de instituir em Azambuja um mercado de gado cavalar para o Exército, que ocorreu em 1896 e cuja imprensa local registou através do jornal «O Azambujense» de 9 de Abril de 1896. Em termos documentais surge-nos ainda um documento impresso anterior datado de 1892 que anuncia uma «Escaramuça a Cavalllo», organizada por gentes da Vila. Segundo o calendário oficial nacional dos mercados (remonta de gado cavalar para o exército), ficou estipulado que Azambuja se realizaria anualmente a 15 de Maio.

O 1º Mercado Geral de Gado e Remonta para o Exército teve a sua primeira época a 19 de Maio de 1901, conforme podemos constatar através do documento colocado na agenda. Este cartaz tornou-se para o Museu Municipal uma fonte documental de inesgotável valor. Através dele sabemos que a 19 de Maio de 1901 Azambuja teve a sua primeira Feira de Maio e que pelas quatro e meia da tarde foi inaugurada a Praça de Touros, onde foram lidados 10 touros oferecidos pelo Dr. Máximo Falcão. Como informação paralela sabemos que o cavaleiro principal foi Fernando de Oliveira, que o ingresso custava 100 réis e que o espectáculo foi abrilhantado pelas bandas de Alcoentre e Aveiras de Cima.

Salientamos ainda que este investimento só foi possível através da constituição de uma sociedade por acções, que administrava e geria a Praça de Touros, sendo a primeira direcção da comissão de accionistas integrada por três distintos membros da comunidade azambujense: António Jacinto da Motta Cabral, Paulo José Henriques Vidal e Jayme Arthur da Motta.

Após a primeira Feira de Maio com a inauguração da Praça de Touros de Azambuja em 1901, aparece-nos outro momento alto que merece destaque: a visita oficial em 1907 dos príncipes D. Luís Filipe e D. Manuel II para assistirem a uma corrida organizada e doada a Azambuja pelo «Real Club Tauromachico».

A ausência de documentação, remete-nos para a probabilidade de que a 1ª Grande Guerra (1914 – 1918) tenha tido algum efeito não tanto nas feiras anuais, mas nos eventos tauromáquicos, assim como a instabilidade durante o período da 1ª República até ao golpe de estado de 28 de Maio de 1926. Só em 1929 é que volta a aparecer documentação relativamente a dois espectáculos tauromáquicos realizados no Páteo do Paço e, a partir de 1934, o Páteo da Quinta do Valverde passa também a acolher espectáculos.

Para o espaço temporal compreendido entre 1944 e 1948, nem a tradicional divulgação nem a imprensa local, ou outra documentação, faz qualquer referência a feiras e eventos tauromáquicos, ficando a dúvida sobre qualquer realização. Se houve algum interregno temporal ou acidental, ele só se justifica pelo contexto histórico da guerra civil espanhola (1936 – 1939) e da II Guerra Mundial (1939 – 1945) que representaram tempos extremamente difíceis para quotidiano individual e colectivo.

Em 1948, a Feira de Maio volta a apresentar uma novidade: passou a designar-se «Feira-Exposição» na qual a edilidade de Azambuja conferia «Diplomas de Honra» aos participantes. A década de 50 confirma a realização da Feira e Exposição de Gados, a par de outras novidades no campo organizativo e nos dos intervenientes, como também a Feira de Outubro que ia lentamente cedendo primazia à sua congénere, a Feira de Maio. Contudo, em 1956, a então «Feira-Exposição de Gados» passa a denominar-se «Feira-Exposição Agro-Pecuária, Comercial, Industrial e Turística», cuja iniciativa parte da Câmara Municipal que em 1957 a regulamentou.

É na década 60 que a Feira de Maio se sistematiza nos moldes que a “memória” presente a conhece, com três grandes momentos de eleição: até 1965, 1967 e até aos anos 70.

Nos anos 60 começa-se a dar destaque às largadas ou «esperas» de touros em pontas, entre a Praça e a Rua Victor Córdon e a atribuição de três prémios «às janelas ou frentes que se encontrem melhor engalanadas». Na edição de 1965 é acrescentada a largada na tarde de segunda-feira, juntando-se assim às de Sábado e Domingo.

A 22 de Outubro de 1967 é inaugurada a nova Praça de Touros junto à Ribeira do Valverde, cuja organização é dos Bombeiros Voluntários de Azambuja. Mais tarde é adquirida uma Praça de Touros denominada portátil ou ambulante que se manteve com inumeros melhoramentos ao longo dos anos até à inauguração da actual Praça Dr. Ortigão Costa que foi inaugurada a 25 de Setembro de 2011. Esta praça tem 2300 lugares e tem todas as comodidades necessárias aos espectáculos tauromáquicos e outros.

"in Museu de Azambuja"

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