Têm andado de facto na berra quase todos os passos dados e decisões tomadas por esta associação que em boa hora se formou para defender os interesses da festa em geral mas em especial a figura do forcado amador como manifestação cultural autêntica do nosso povo.
Quero começar este artigo de opinião a esclarecer que não pretendo atingir quem quer que seja nem tomar qualquer espécie de partido, mantendo apenas uma posição distante, observadora e isenta.
Confesso que não pensava fazer tão cedo um artigo que trouxesse à tona a Associação de Forcados, mas com toda esta polémica gerada em torno do espectáculo que ocorreu em Cabeça Gorda, colocando em causa até a autoridade do director de corrida, levou ou meu pequeno consciente a fazer algumas questões.
Embora não tenha falado com ninguém para confirmar ou desmentir o que quer que seja, deparo-me com uma Internet inundada de histórias, versões e posições sobre um assunto que a meu ver já nasce de um principio errado. Como não tenho praticamente relação nenhuma com a associação de forcados, verdade é que da sua realidade também conheço pouco e que convido aqueles que acharem oportuno prestar algum esclarecimento ou formular questões pertinentes a nos fazerem chegar através do email pensamentos@tourobravo.com
Vamos analisar a seguinte situação: temos uma empresa que monta um espectáculo num determinado local, essa empresa compra os toiros, contrata os cavaleiros e contrata também por exemplo três grupos de forcados. Como espectador a única coisa que tenho a dizer é "Vamos lá então aos toiros que já se faz tarde". A minha questão sob este cenário é apenas "o que é que aqui está mal?", se calhar para a maioria dos aficionados a resposta é "nada, é um espectáculo normal". Pois bem, a verdade não parece ser essa "não está tudo bem" é que há um dos grupos de forcados que não pertence à ANGF e ao que parece esta deliberou que os grupos associados estão proibidos de actuar em espectáculos com grupos não associados.
Retomando o exemplo da polémica de Cabeça Gorda, segundo consta em quase tudo o que li e ouvi, houve alguma movimentação por parte da direcção da ANGF no sentido de impedir actuassem no mesmo espectáculo grupos ligados e não ligados à associação.
A ser verdade este facto levanta-se uma questão pertinente. Depois da empresa ter fechado contrato com todos os intervenientes do espectáculo e a IGAC ter autorizado a realização do mesmo, que legitimidade é que a ANGF tem para condicionar a realização deste espectáculo? Não deveria ser o empresário a decidir quem é que contrata para actuar na casa dele? Imaginem o que seria se o sindicato dos toureiros começasse a fazer a mesma coisa? E a associação dos granadeiros?
Mas ainda me pergunto sob qual terá sido o beneficio que foi vislumbrado ao propor, discutir e aprovar uma medida que visa condicionar os associados a participar em espectáculos onde actuem apenas com outros grupos associados?, será que a ideia seria criar um monopólio de forcados? O que é que isto trás de bom para a festa? A decisão de compor os cartéis não dirá apenas respeito aos empresários e aos intervenientes contratados?
Certamente que todos os que acompanhem este pequeno raciocínio, há muitas outras questões que poderiam ser colocadas, eu deixo aqui a ultima nuvem de perguntas, com uma originalidade tão grande de que têm mostrado dispor, não há nada construtivo e mais importante para fazer do que andar a zelar por estas intrigas? O que é que foi feito daquele tema das bandarilhas de segurança? Já não tem importância discutir a segurança dos forcados? Este assunto não é mais importante? Será que uma deliberação do tipo "grupos da ANGF só pegam toiros com bandarilhas de segurança" não seria bem mais a favor da festa e do próprio forcado?
Não ponho em causa e acredito verdadeiramente nas boas intenções da associação, apenas pergunto se é difícil ver que o excesso de regulamentação está a prejudicar a festa em vez de a ajudar?