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O mano-a-mano das Caldas da Rainha

A actuação simultânea de dois toureiros no mesmo espectáculo, rectius, o seu encontro, eis a razão de ser da primeira parte do título elegido para as presentes considerações.
11 de Julho de 2014 - 10:00h Pensamento por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2565
O mano-a-mano das Caldas da Rainha

A actuação simultânea de dois toureiros no mesmo espectáculo, rectius, o seu encontro, eis a razão de ser da primeira parte do título elegido para as presentes considerações.

Trata-se de uma designação expressiva ao ponto de há muito ter extravasado os limites do mundo taurino, incorporando a linguagem comum para significar o confronto entre dois executantes de qualquer género.

Com o cartel composto por João Moura, filho e João Telles, filho, teve lugar no princípio do último terço do mês transacto, nas Caldas da Rainha, um espectáculo com essas características, que, por tudo isso, embate a dois e tratando-se de quem se tratava, suscitou o nosso interesse, donde a deslocação efectuada, com notas recolhidas que, de imediato, se repartem com os leitores.

Era de Passanha e pesava 555 Kgs. o cornúpeto que rompeu praça, com o qual o de Monforte se dobrou, para, de seguida, cravar e rematar, com aquele a acudir e a interessar-se pelo pleito. Depois, cita, sem, contudo, esperar pela reacção do adversário, logo atacando e cravando.

Mudou de montada e tenta, sem êxito, interessar o oponente, logo atacando contra a querença natural, o toiro parte, reúne e crava, o que tem lugar por duas vezes consecutivas. Tenta engarupar o adversário, que opta pela segurança da proximidade dos curros.

Prossegue com cambiada e sem ganhar a linha do quadrúpede, seja, sem ter estado em frente àquele no início da sorte.

Em resumo, o jovem artista alentejano luziu-se na brega e privilegiou o toureio de ataque, que é o pão nosso de cada dia, de todos os dias taurinos que nos é dado viver.

João Telles, a contas com outro Passanha, apenas com menos 5 Kgs do que o anterior, esperou o hastado à porta da gaiola, de quadrilha recolhida, tendo suportado brutal perseguição, atalhada por um peão. Após, crava à tira, seguindo-se um lance em curto, em que viajou por fora do piton da sorte. Com as bandarilhas, estreia-se com um bom ferro, ainda que atacando a partir da querença. Mostra-se. Ataca, de novo e crava, com toque. Leva-o e coloca-o. Passa em falso e cobra a restante ferragem, com detalhes, dentro da mesma metodologia.

Concluindo, o da Torrinha também sobressaiu na brega, abraçando a dita concepção de toureio de ataque.

O terceiro da ordem, de Alves Inácio e com 560 Kgs, não chegou a ter meias arrancadas, sem memória de, alguma vez, numa só lide, havermos presenciado qualquer coisa como 12 passagens em falso.

No início da 2ª parte, o da Torrinha enfrentou um Canas com 480 Kgs., que, por duas vezes, se soltou dos capotes.

O jovem Telles desvalorizou a ferragem comprida, ainda que rematando o primeiro.

A brega, toda ela, foi de luxo, adentro de um correcto conceito de acordo com o qual tourear é muito mais do que cravar, ainda que a reunião seja o ponto culminante do labor do ginete. Aliás, por alguma razão, o adversário dos toureiros tem o nome sugestivo de toiro de lide, incómodo quanto baste para quantos espeta-ferros têm pisado e pisam as arenas.

João Moura defrontou, por fim, outro Canas, de 490 Kgs, com o recurso exclusivo, nos curtos, às cambiadas, remetendo os leitores, sobre esse particular, para o que dissemos nesta coluna em Agosto último.

Fechou praça Telles Júnior, com uma montada de ferro Paulo Caetano, contra um Alves Inácio de 530 Kgs., destacando-se na ferragem comprida, com o toiro a interessar-se nas duas vezes em que foi farpeado.

Seguir-se-ia uma pontuação do trabalho dos artistas, em conformidade com o essencial das sortes vindo de referir.

Todavia, assim não sucederá, distanciados que andamos da matemática desde o recuado ano de 1959.

Cabe, pois aos leitores, tendo visto ou não a corrida, utilizar esta achega para tirar conclusões, tendo sempre presente, como dizia o Eça, que a nudez forte da verdade deve cortar o passo ao manto diáfano da fantasia….

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